ATA DA DÉCIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 06.02.1997.

 


Aos seis dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e sete, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,  Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Dib, Juarez Pinheiro e Renato Guimarães, Titulares. Ainda, durante a presente Reunião, compareceram os Vereadores Carlos Garcia, José Valdir, Maria do Rosário e Reginaldo Pujol, Titulares, e João Carlos Nedel, Suplente. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Nona Reunião Ordinária da Primeira Comissão Representativa, que deixou de ser votada face ao pedido de retificação formulado pelo Vereador Juarez Pinheiro, o qual solicita que, em seu pronunciamento em Comunicações, onde consta "Comentou considerações feitas pelo Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, acerca de problemas hoje enfrentados  pelo Poder Judiciário", passe a constar "Elogiou manifestação do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, na abertura do ano judiciário, de crítica à forma como a Constituição Federal vem sendo alterada, dizendo que a mesma se transformou em 'verdadeira colcha de retalhos'". Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 14/97, do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho, Secretário Extraordinário para Assuntos da Casa Civil; 17/97, do Senhor João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa Portoalegrense de Turismo S/A - EPATUR; Telegramas: do Senhor Álvaro Antônio Teixeira Dias, Deputado Estadual/MG; do Senhor Valdir Heck, Deputado Estadual/RS; Impresso da Síntese - Treinamentos, divulgando o Encontro Jurídico de Prefeitos, Vereadores e Procuradores, a realizar-se em dezenove de março do corrente, no Auditório da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul - FIERGS, nesta Capital; Informativos: do Núcleo de Estudos Mulher e Políticas Públicas do Instituto Brasileiro de Administração Municipal - IBAM, que divulga as ações que os Municípios desenvolvem na área da Mulher e Políticas Públicas; da Assessoria de Comunicação do Banco do Brasil, divulgando os serviços prestados através do Programa "Verão-Ouro", em sua décima edição no Estado/RS; Relatório da Vereadora Clênia Maranhão, referente à sua participação, como representante deste Legislativo, no período de trinta de outubro a doze de novembro de mil novecentos e noventa e seis, no prosseguimento das relações políticas estabelecidas a partir da IV Conferência Mundial de Mulheres, organizada pela ONU em  Pequim, China, em mil novecentos e noventa e cinco; Fax: s/nº, do Deputado Federal Miguel Rosseto; nº 02/97, do Senhor Rogério T. Steigleder, Diretor Administrativo-Financeiro da DNPORT - Distribuidora Nacional de Veículos Santa Catarina Limitada. À MESA foi encaminhado, pelo Vereador  Carlos Garcia, 01 Pedido de Informações nº 10/97 (Processo nº 425/97). Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Renato Guimarães comentou a realização, em Porto Alegre, de encontro mundial de entidades jornalísticas. Também, discorreu acerca da situação dos desempregados e da assistência social em nosso País. O Vereador João Dib declarou que os municipários "estão na miséria", criticando a política salarial adotada para esses servidores pelas administrações dos ex-Prefeitos Olívio Dutra e Tarso Genro. O Vereador Isaac Ainhorn analisou manifestação à imprensa feita hoje pelo Vereador Adeli Sell, sobre os gastos do Governo Estadual com publicidade. Após, abordou denúncia formulada anteriormente, acerca da ocupação irregular observada no Morro da Glória, discorrendo sobre a posição assumida a respeito pela Administração Municipal. Ainda, registrou o devido atendimento que vêm recebendo os Pedidos de Providências e de Informações encaminhados à Prefeitura Municipal e analisou o primeiro mês de atuação do Prefeito Raul Pont. O Vereador Guilherme Barbosa reportou-se ao pronunciamento do Vereador Isaac Ainhorn, referente à ocupação irregular do Morro da Glória. Após, comentando notícia do jornal Correio do Povo de hoje, criticou e classificou como irrisórios os valores destinados pelo Governo do Estado para o reaparelhamento do corpo de bombeiros. Finalizando, referiu-se à política salarial dos municipários. O Vereador Gerson Almeida comentou ação civil patrocinada pelo Vereador João Dib, de questionamento das posses, na Casa, dos Suplentes Lauro Hagemann e Cyro Martini. Falou sobre a posição do Executivo Municipal no referente ao pronto socorro da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) e a ocupações irregulares ocorridas no Morro da Glória. Também, discorreu sobre a proposta do ex-Prefeito Olívio Dutra, de lançamento da candidatura do ex-Governador Leonel Brizola à Senatoria da República, e sobre a situação salarial dos municipários. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib reportou-se ao pronunciamento do Vereador Gerson Almeida, atinente à interdição das obras do pronto socorro da ULBRA e à ação judicial sobre a posse dos Suplentes Lauro Hagemann e Cyro Martini. O Vereador Gerson Almeida replicou argumentos do Vereador João Dib, quanto à interdição das obras do pronto socorro da ULBRA e ao despacho do magistrado que denegou a concessão de liminar na ação  referente às posses dos Suplentes Lauro Hagemann e Cyro Martini. Em seguida, comentou declarações do Ministro Sérgio Motta, sobre a política externa dos Estados Unidos no referente às telecomunicações. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Garcia fez comentários a respeito de reunião da qual participou, juntamente com o Vereador Hélio Corbellini, o Secretário Municipal de Obras e Viação e representantes da ULBRA, a respeito da ação de embargo contra o prédio ocupado por essa universidade, no centro de Porto Alegre. Falou também sobre  a questão dos  alagamentos  na Cida<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>de, declarando ser o Departamento de Esgotos Pluviais o principal responsável pela inércia observada na busca de soluções para o problema. O Vereador Adeli Sell apoiou proposta de lançamento da candidatura do ex-Governador Leonel Brizola ao Senado Federal. Traçou paralelo entre as políticas salariais mantidas pelos Governos Municipal e Federal. Registrou a solicitação de uma audiência com o Secretário Municipal da Educação, a fim de discutir a possibilidade de instalação de uma Escola Técnica Agrícola em Porto Alegre. Finalizando, teceu considerações a respeito do turismo na Capital e externou sua preocupação com a situação dos produtores de uva do Estado. O Vereador Reginaldo Pujol reportou-se ao pronunciamento do Vereador Carlos Garcia, a respeito dos constantes alagamentos que vêm ocorrendo na Cidade. Ainda, denunciou a situação dos moradores do Jardim Itati, que há quatro dias vêm enfrentando problemas com a falta de água potável. A Vereadora Anamaria Negroni registrou suas desculpas pelo uso, ontem, durante seu pronunciamento em Comunicações, de formas de tratamento não compatíveis com o disposto no artigo 142 do Regimento e lamentou terem sido mal interpretadas expressões que então utilizou para comentar gastos com publicidade efetuados pelo Executivo Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Anamaria Negroni criticou a atuação do Partido dos Trabalhadores à frente do Executivo Municipal. Também, registrou que acompanhará o Presidente Fernando Henrique Cardoso, hoje, em sua visita à Porto Alegre, durante o Encontro Mundial de Entidades Jornalísticas. Às onze horas e vinte e três minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quinta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Paulo Brum e Guilherme Barbosa e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Colocamos em votação a Ata da 9ª. Reunião Ordinária da 1ª Comissão Representativa, distribuída aos Srs. Vereadores.

 

O  SR.  JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Sr. Presidente, comento as considerações do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado acerca de problemas enfrentados pelo Poder Judiciário. Acredito que este não seja o matiz da minha manifestação e  solicito a possibilidade de fazer esta correção na Ata que consta da fl. 3.  A manifestação do Presidente do Tribunal de Justiça é contra a forma como estão sendo feitas alterações na Constituição Federal. O Presidente do Tribunal de Justiça discorda da forma como está sendo encaminhado o processo de alteração constitucional.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós colhemos a solicitação de V. Exª. e a Ata será votada na Reunião seguinte. (Após a chamada.) Não há requerimentos. Passamos ao período das

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Renato Guimarães está com a palavra.

 

 O SR. RENATO GUIMARÃES:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o tema que me traz à tribuna é um tema que me preocupa muito e teve destaque na Cidade de Porto Alegre nesta semana, que é a questão ligada à imprensa, às comunicações.

Está-se realizando em Porto Alegre um encontro mundial de entidades jornalísticas, onde se debate a questão da livre imprensa e da democracia.  Gostaria de destacar a importância, quando discutimos a questão da democracia, de  discutirmos a socialização das informações. Convivemos em um mundo onde a comunicação social, de massa, se construiu como um quarto poder, como o poder que acaba se sobressaindo sobre os outros poderes. Há necessidade de fazermos uma análise sobre o que é a livre imprensa, sobre o que é comunicação de massa, e qual a necessidade real dos cidadãos terem acesso à real informação. Parece-me que nos dias de hoje vivemos com a verdadeira manobra das informações. Somos desinformados, não somos informados. Isso leva a população a construir conceitos, sobre temas em debates, não os mais corretos.

De fato, temos que discutir a democratização dos meios de comunicação, temos que aprofundar o debate sobre a verdadeira informação aos cidadãos.

A segunda questão é quanto à assistência social. O nosso mandato se construiu no processo junto às comunidades de Porto Alegre, reconhecendo a necessidade de algumas carências do povo. Ultimamente, estamos acompanhando, em algumas vilas da Cidade, a necessidade de se fazer o debate sobre a questão do desemprego. É uma questão profunda que abrange a Grande Porto Alegre. Os números são assustadores. Chamo a atenção desta Casa para que se ponha permanentemente na pauta a questão. A causa de uma enormidade de problemas que assola as nossas famílias está ligada ao desemprego e à condição a que os cidadãos estão sendo jogados por não terem como buscar o sustento da sua família. É de responsabilidade dos Vereadores desta Casa discutir, porque, por mais que se saiba que não controlamos os fatores e elementos que criam esse desemprego, eles estão muito mais relacionados a uma política nacional e econômica que faz com que cada vez mais empresas fechem e as  frentes de trabalho se restrinjam. É papel deste Legislativo aprofundar o debate sobre para onde estamos indo no momento em que a sociedade não oferece condição ao seu cidadão de trabalhar e prover a sua família. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O  Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.  Ausente. Ver. Paulo Brum. Desiste. Ver. Nereu D'Ávila. Ausente. Verª. Maria do Rosário. Ausente. Ver. Juarez Pinheiro. Desiste. Ver. José Valdir. Ausente. O Ver. João Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu diria com tranqüilidade que os municipários estão na miséria. A Administração da Prefeitura , nos últimos anos, criou  sérios problemas aos servidores. Em julho de 91, o Prefeito Olívio Dutra mandou publicar a Lei nº 6855, que foi muito mal-aplicada. Meia centena de vezes ocupei a tribuna para dizer que o ex-Prefeito Olívio Dutra roubou o dinheiro dos municipários. Estou apenas repetindo o que disse no passado. Ele tirou o dinheiro do fundo do bolso dos municipários. No Brasil, qualquer estudante de Direito sabe que a lei só retroage para beneficiar, nunca para prejudicar. O ex-Prefeito Olívio Dutra retroagiu os efeitos da Lei, tomou o dinheiro que deveria estar no bolso do municipário e nada aconteceu. Durante cinco meses eu debati com esta Casa, alegando que o Sr. Olívio Dutra tinha tomado o dinheiro indevidamente. No dia  13 de dezembro de 91, consegui que a Casa votasse pedido para acionar o Prefeito pela ilegalidade cometida. Em 92, a Câmara me questiona o ingresso na Justiça contra uma lei aprovada por nós. Eu disse que não queria que entrasse contra a lei, pois ela era boa, mas, sim, contra a má aplicação dela. Mesmo assim, a Câmara não ingressou na Justiça, portanto, os municipários perderam 30% do seu poder aquisitivo ao longo de seis meses. Nesta oportunidade consegui provar que o ex-Prefeito Olívio Dutra estava recebendo a mais e ele devolveu o dinheiro remetido a maior durante três meses. Em maio de 95, o Prefeito Tarso Fernando Hertz Genro, com escola, repetia a manobra de Olívio Dutra e entrava na Justiça para fazer com que a lei fosse alterada. Conseguiu liminar e alterou a lei. Só que a lei, no Brasil só retroage para beneficiar e, no dia 30 de abril, os municipários tinham direito a um percentual de 11% e o ex-Prefeito Tarso Genro concedeu 3,2%, depois de uma greve frustrada dos municipários. Ele exerceu a força, ou melhor, exerceu o poder da força e não pagou nem 3,2%. Os municipários diziam: "Melhor os 3, 2% do que nada". E receberam os 3,2%, mas já estava vencida a bimestralidade no dia 30 de abril. Portanto, o dinheiro saiu do fundo dos bolsos dos municipários. Eu fui lá falar com o Prefeito Tarso Genro e disse-lhe: "Prefeito, a situação dos municipários está muito mal. Há municipários pagando 45% ao mês de juros para poder vencer algumas dificuldades”. E disse onde eles pagavam os 45%. Ele disse: "Não, Vereador, não pode”. E continuei: "Prefeito, eu não  lhe daria má informação, porque o resto paga 25%. Os servidores da Câmara e da Prefeitura que vão à Câmara pagam 25% com cheque, que é descontado no dia 12 ou 27”. Ele me mandou , depois, um recado, porque o Pref. Tarso Genro era muito correto, pelo menos comigo, dizendo: "Ver. Dib, só havia um que pagava 45%: era aquele meu motorista que foi assassinado". Pelo menos um havia. Mas duas vezes os municipários foram lesados pelo Poder Público Municipal. Hoje, comecei meu pronunciamento dizendo que os municipários estão na miséria. É profundamente triste, é vergonhoso ver o Montepio da Prefeitura Municipal, a partir das 6 horas, até antes, iniciar uma fila que, a exemplo de ontem, abraçava duas vezes o quarteirão. Hoje, quando passei, às 9 horas, já abraça uma vez o quarteirão; até o meio-dia eles distribuem 1.200 fichas para dar empréstimos que vão de 200 reais a 1.400 reais. Os municipários estão muito mal. Na segunda-feira, o Dr. César Alvarez, que agora, sim, é Secretário, porque até pouco tempo ele respondia pelo expediente da Secretaria, não era secretário, já que o Secretário do Pref. Tarso Genro resolveu entrar em férias, a partir do dia 1º de janeiro - aliás, o Secretário da Administração, Sr. Luís Alberto, que é uma belíssima pessoa, corretíssimo, não se deu conta de que era um trauma que causava na administração que assumia ter secretários em férias, e ele também entrou em férias, porque durante as férias o Secretário não pode ser demitido; foi o que aconteceu com o nosso Fontana, que respondeu um mês inteiro pela Secretaria da Saúde e não foi Secretário - mas o Dr. César Alvarez, na segunda-feira, já falava que o aumento para os secretários é justo, deve ter nova tramitação. “Ora, vejam, os Vereadores ganham mais do que os Secretários!” Só que não há Vereadores de canetaço, não há Suplente de canetaço. Vereador é sete dias por semana. Ilude-se quem diz que Secretário trabalha mais, porque eu também já fui Secretário. Vereador é sete dias por semana! Ninguém pede dinheiro emprestado para o Secretário, não se vende rifa para o Secretário, porque até não chegam no Secretário. Eu, Vereador, não consigo falar com o Secretário. Imaginem o resto da população, se for pedir alguma coisa, se vai conseguir! Em nossos gabinetes, de portas abertas, há gente todo o dia pedindo e, de repente, sentimo-nos mal em não poder dar. Esse salário que os Vereadores recebem tem, há 26 meses, o mesmo valor, não mudou em nada. E o Secretário - que foi Prefeito interino, na expressão dele - que respondia pela Prefeitura, pelo seu expediente, diz que o Projeto será retomado. Lá eu tenho uma Emenda que dá aos servidores municipais - se ele dá 54% aos Secretários - 5,4%; é um pouquinho, mas já é uma ajuda.

Agora, eu deixei a Prefeitura em 1º de janeiro de 1986, com 17 mil servidores ativos e inativos. Hoje, com uma informação que recebi, deste mês, a Prefeitura tem 24.250, e aqui não estão contadas as cartas-contratos na sua totalidade e não estão contados os estagiários, em número de 800. Nos meus 17 mil servidores estavam contados os 80 estagiários. Mas, de qualquer forma, houve um aumento de 7 mil servidores. Nesta Casa, a Bancada do PT é a maior; em 1989 também era. Na edição da Lei Orgânica, havia uma proposição do PDS de estabelecer um servidor para cada cem habitantes. A Porto Alegre da época tinha um milhão e duzentos; agora, tem um milhão, duzentos e cinqüenta; aumentou sete mil servidores e cinqüenta mil habitantes. O PT todo votou contra a proporção de cidadãos e servidores. Por isso é que tiram o dinheiro dos municipários, sobrando dinheiro na caixa: dez milhões de reais. Informava-me, depois, o Secretário da Fazenda, que não são dez milhões, é mais de dez milhões. Pois, no dia 15 de março, eu vou ver, evidentemente, depois vamos continuar falando. Agora, que o municipário está na miséria, basta olhar o Montepio abraçado pelos municipários. Há gente que vai lá receber somente 100 reais. Apesar de ser a partir de 200 reais os empréstimos, vai receber apenas 100 ou 80 reais, porque ele irá complementar o que ele já está devendo para chegar aos duzentos reais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):  O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ouvi, hoje cedo, a intervenção matutina do atento e eficiente Ver. Adeli Sell contestando os gastos do Governo do Estado, em relação à publicidade. Ora, vejam só! Dois pesos e duas medidas. Contesta o Governo do Estado em relação a seus gastos, inclusive a contratação de cinco jornalistas para o desenvolvimento de um trabalho de criação, em nível do Governo do Estado, de um programa que irá ao ar dentro de mais alguns dias sob o título "Terra da Gente", numa versão estadual do programa da Administração Municipal "Cidade Viva". Ora, vejam só! O Ver. Adeli Sell não tem nada mais para aprender aqui nesta Casa, porque sabe tudo, e já vai atacando o Governo do Estado, joga pedra, antes que joguem pedra nele. Se nós formos ver os números da Administração Municipal, em relação à publicidade, aos investimentos e a suplementações de verbas, para fazer a campanha da Geni, nós, da Câmara, fomos muito generosos: aprovamos a suplementação de verbas que estava encruada e não saía. Mas reconhecemos a qualidade e a eficiência do trabalho da atual Administração Municipal que, sem falar dos nomes dos governantes - até porque é proibido, se não o fosse estariam em tudo que é placa  "Tarso Genro e Raul Pont"- de forma subliminar busca mecanismos de divulgação e de proselitismo político. Essa é uma área que, infelizmente, nacionalmente tem que ser moralizada, porque não é invenção do PT. Eles fazem, há que se reconhecer, com competência. Tanto é que elegeram o seu Prefeito no primeiro turno, mercê dessa maciça e poderosa propaganda levada a efeito nos veículos de comunicação pela atual Administração. Dirá o Ver. Adeli Sell: "mas foi em cima de coisas feitas”. De coisas feitas, outras não feitas. Evidentemente que não se propaga aquilo que não se faz. Aí, vou ao meu assunto central, que é a questão da denúncia que formulei em relação às invasões, ocupações irregulares no Morro da Glória e que teve a pronta atenção e encaminhamento junto à Administração Municipal e, em especial, à Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Pedi que um relatório me fosse enviado por fax. Não foi feito assim, mas, oralmente, o Secretário Hideraldo Caron me informou sobre uma série de medidas que foram tomadas pela Administração anterior, talvez até na Administração da qual o Ver. Gerson Almeida fazia parte, isso na Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

Uma administração que propaga a sua coerência aos princípios da preservação do meio ambiente, do verde, da ecologia; uma administração que não compactua com ilegalidades, ela agiu dentro dos perfis tradicionais, ou seja, notificou a empresa proprietária da área. A empresa não cumpriu a notificação, a Prefeitura deu um auto de infração e penalizou a empresa com uma multa de 12 mil reais, que até hoje não foi paga. Se há um atentado flagrante e violento ao meio ambiente, como ocorre ali no Morro da Glória, se há construções em áreas de alto risco, é evidente que a medida a ser tomada pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre deveria ser muito mais forte e vigorosa no sentido de impedir a ocupação daquela área, sem deixar de reconhecer o direito social, inalienável daquelas pessoas à moradia.

A verdade é que todo mundo deixou aquilo acontecer. O desmatamento, na Av. Oscar Pereira,  se deu de forma escancarada, aos olhos de todo o mundo. Houve desmatamento e venda de lenha, e nada aconteceu. Haveria a necessidade, não só de uma notificação, de auto de infração. Assim como a Prefeitura tem o poder administrativo de interditar um estabelecimento, cassando o seu alvará - é uma prerrogativa de que dispõe a Prefeitura Municipal -, havendo risco de vida, ela deveria ter tido a responsabilidade de impedir que acontecesse, num ano eleitoral, a invasão que houve.

Os Secretários conhecem muito bem o problema; são homens sérios e responsáveis; conheço, inclusive, o Secretário que substituiu o Ver. Gerson Almeida. Ele, tenho certeza, foi impotente para impedir aquela invasão, porque  houve gente que estimulou aquela invasão, infelizmente. Não é o Ver. Gerson Almeida, que sempre foi um Vereador sério, consciente, nem o Ver. Adeli Sell, mas houve gente que estimulou a ocupação daquela área, e, lamentavelmente, aquilo ocorreu. Nem o Ver. Guilherme Barbosa. Quem sabe é o Secretário Municipal do Meio Ambiente, Hideraldo Caron.

Acho que é responsabilidade gratuita, colocando em xeque todo um trabalho da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. E reconheço coisas muito boas que se tem feito. Eu mesmo tive a oportunidade de encaminhar, de próprio punho, elogios ao Secretário em exercício, Cláudio Langoni, pela eficácia e pela eficiência dele em algumas solicitações e pedidos que fiz.

Aliás, não tenho queixas, quero fazer o registro: dentro da legalidade, dos parâmetros legais, todas as minhas solicitações e Pedidos de Providências normalmente têm sido atendidos. Isso é um reconhecimento, até a um homem que tem um perfil de oposição. Mas não posso ignorar este fato: aos meus Pedidos de Providências, às minhas solicitações não há Secretário de Município que não tenha me recebido, mesmo quando não era Presidente desta Casa, até para dizer que não podia fazer. Reconheço essa qualidade nos administradores.

Quando fui indagado pelo Correio do Povo sobre qual a avaliação que eu fazia dos primeiros 30 dias da Administração Raul Pont, respondi que era a falta de um planejamento global, ainda.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vou, hoje, novamente tentar falar com o Secretário Hideraldo. Na semana passada, fiz chegar a ele as fotos da invasão. Sobre a propaganda, vou responder depois.

 

O SR. ISAAC AINHORN:  V. Exª. até não tocou num ponto. "A bola ficou picando" para V. Exª., que poderia dizer que é área da Assessoria da Comunicação Social da Prefeitura. Não precisa estar contratando ninguém e aumentando os gastos públicos para desenvolver o seu trabalho de publicidade e de proselitismo pessoal. Ela faz com seus próprios quadros. Eu acredito que a Secretaria de Comunicação Social ou o órgão que substituiu a Secretaria de Comunicação do Estado tenha profissionais suficientes para fazer um trabalho como o "Terra Gaúcha". Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, até agora eu não entendi, de fato, contra quem é a denúncia do Ver. Isaac Ainhorn. Na semana passada, parecia que a denúncia era contra o Executivo, e uma intervenção, que teve todo o conteúdo a partir dos proprietários do terreno da Glória; agora, toda a lógica do Vereador inverteu-se, porque todos os indícios mostram que os proprietários incentivaram a  ocupação. No assunto, o importante é que, além de a área ser de preservação,  ainda é um local de perigo.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, num primeiro momento, eu fiz a denúncia daquela ocupação irregular do Morro da Glória. Recebi todos os esclarecimentos verbais de que dispunha o Secretário Hideraldo Caron, que me informou que já havia tido uma notificação, um auto de infração contra o proprietário daquela área, a Construtora Koepke, e que, possivelmente, dizia ele, a administradora, como não poderia construir sobre aquela área, estimulou aquela ocupação a fim de que, no futuro, pudesse haver uma negociação com o DEMHAB. Num segundo momento, com as informações que recebi, achei que a ação da SMAM, antes, não teria sido tão enérgica. A minha lógica, Vereador, é uma lógica que V. Exa., com certeza, conhece bem, pois não é uma lógica formal, é dialética, que acompanha a própria dinamicidade da vida e dos elementos que recebemos de interpretação da realidade. Muito obrigado.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA:  Nunca a dialética foi tão agredida, mas, de qualquer forma, serve como tentativa de explicação.

Com relação  à questão da publicidade, acho que o Ver. Adeli Sell vai abordá-la com mais números. Mas eu também proponho ao Ver. Isaac Ainhorn que traga os números, as suplementações, os percentuais, porque, se estivermos errados, eu vou aceitar que estamos errados, mas é preciso que tenhamos dados concretos.

Quero comentar a notícia do "Correio do Povo" de hoje, pág. 9, que informa que os bombeiros vão receber mais equipamentos no próximo dia 20. Saúdo, então,  o Governo do Estado por essa iniciativa e por esse resultado de trazer mais condições ao nosso Corpo de Bombeiros, que eu tenho dito que faz um trabalho de herói sem as condições necessárias para desenvolver a sua tarefa. E, ontem, como os jornais de hoje noticiam, tivemos mais dois incêndios na nossa Cidade: um de madrugada, no apartamento da Rua Silveiro, e no prédio chamado "Cristaleira do INSS", com certas dificuldades também. Mas, apesar de os bombeiros receberem novos equipamentos, eu volto a afirmar e a insistir - já tive a oportunidade de dizer isso ao Secretário Eichenberg - que ainda é muito pouco o recurso disponível para os bombeiros, em 97. O Governo do Estado alocou, no seu orçamento, dois milhões e meio de reais para  reequipamentos dos bombeiros. Isso para todo o Estado. Devemo-nos dar conta de que só uma escada magirus, dessas que alcançam grandes alturas, custa 900 mil reais, e que, em Porto Alegre, das três escadas que possui, só uma funciona. Naquele incêndio no Edifício Cacique, foi necessário vir uma escada de novo Hamburgo. Vejam que situação constrangedora e todo o tempo que se perdeu para que chegasse aqui aquele equipamento! Nós, então, damo-nos conta de que dois milhões e meio de reais é um valor absolutamente irrisório para que os bombeiros desempenhem suas tarefas em todo o Estado. A Prefeitura tem um convênio com os bombeiros e tem feito a sua parte. Não faz muito que equipou um caminhão da corporação, investindo quarenta mil reais. Aqueles veículos dos "Anjos da Guarda" são fornecidos pela Prefeitura. Há aquele posto de bombeiros na Av. Mauá. Há um esforço do Município. Agora, começamos a ter a requalificação do sistema de hidrantes. O DMAE já está atuando nisso. Pretendemos, a cada três meses, revisá-los, além de ampliar a rede com a nova lei aprovada pela Câmara e promulgada pelo Presidente Clovis Ilgenfritz. Tenho insistido nisso. Já disse pessoalmente o Secretário Eichenberg que é preciso suplementar os recursos para os bombeiros, no mínimo duplicando essa verba de reaparelhamento e até assentando a verba de manutenção, porque o Governo fez isto: aumentou uma parte para reaparelhamento, embora ainda insuficiente, e diminuiu a parcela para  manutenção do Corpo de Bombeiros.

A partir da notícia de que os bombeiros receberão novos equipamentos a partir do dia 20, que considero importante, acrescento que ainda é insuficiente.

Com relação aos salários dos municipários, é evidente que são baixos; ninguém vai dizer que são altos. Mas gosto muito de comparar números. Vou comparar os salários e as perdas de vários governos municipais e trazer o gráfico para que saibamos de fato os que falam e os que fizeram no  seu tempo. É preciso relembrar, ter memória. Vamos mostrar como é importante ter memória. Em tempo de inflação bem baixa, qual foi a perda dos municipários em governos passados? Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Gerson  Almeida está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, primeiro quero fazer um comentário em relação ao pronunciamento do nobre Ver. João Dib, que disse, claramente, que aqui na Câmara de Vereadores haveria dois Vereadores de canetaço. Isso demonstra uma insurgência do Vereador em relação à negativa do Poder Judiciário em lhe ceder a liminar à sua ação, da qual, gentilmente, me passou cópias às mãos. Uma insurgência dele, que sempre prega aqui, desta tribuna, ser o escravo da Lei. Parece estar incomodado porque não ganhou a liminar, ou seja, está "sub judice" a questão; logo, a afirmação de que há Vereadores de canetaço é absolutamente improcedente e parece-me fora do padrão de gentileza - dura, política -, mas de gentileza que o Ver. João Dib costuma ter nesta Casa.

Quero aproveitar e falar na questão da ULBRA, ontem comentada aqui, tanto pelo Ver. Carlos Garcia - PSB -, quanto pelo Ver. João Dib. O Ver. João Dib, num "release" feito à imprensa, chegou a nominar como barbaridade, a partir do seu pronunciamento, ontem, a interdição pela SMOV e citou um exemplo semelhante. Eu me fio aqui, nobre Vereador, na cópia do comunicado feito à imprensa pela Assessoria de Comunicação. Eu queria colocar para esclarecimento o seguinte: foi feita, nobre Vereador, em 18 de dezembro de 95, a notificação nº 81095, pela SMOV, de uma obra  sem licença; de lá para cá, houve uma outra, no dia 19 de dezembro - primeiro termo de embargo emitido. E aí vai uma série de 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10 atos da Secretaria Municipal de Obras e Viação, em relação à obra em curso, que redundaram no embargo da obra, o que é absolutamente correto, necessário e incontestável, já que todos os procedimentos anteriores foram realizados. Passar-lhe-ei uma cópia para que V. Exa. possa avaliar e, eventualmente, se for o caso, reconsiderar a sua opinião, quanto a ter sido uma barbaridade. Da mesma maneira com relação ao Ver. Carlos Garcia, que achou que foi uma forma de autopromoção da Secretaria Municipal de Obras e Viação. A verdade, nobres Vereadores, é que essa é uma medida que tem que ser  evitada, e a Prefeitura tem tentado evitar, sempre, situações como essa. No entanto, a segurança pública e a legislação vigente têm que ser obrigatoriamente cumpridas, se depois de 07 notificações tanto a ULBRA como qualquer outro construtor insistirem em negar o cumprimento das notificações. Nós iríamos condenar a SMOV, se ela se omitisse em relação a esse caso, porque, certamente, nós, da Bancada do PT,  nos somaríamos a uma crítica se amanhã um acidente ocorresse e fosse mostrada negligência.  O Ver. Isaac Ainhorn vem, oportunamente, falar sobre o caso do Morro da Glória, e eu quero dizer que esse é um caso grave, sério e deve ser encaminhado.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Ver. Isaac Ainhorn estar-nos-ia acusando de omissão. Outros Vereadores estar-nos-iam acusando de abuso de autoridade. Agora, percebe-se que foi excesso de paciência com a empresa que, na verdade, estava agindo ilegalmente. 

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Então, coloco à disposição do nobre Ver. João Dib essa cópia das notificações, e ele, como vigilante muito sério, saberá reconsiderar sua opinião.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu  só gostaria de saber se nessa informação consta quando a ULBRA pediu o licenciamento.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Segundo informações do próprio Ver. Garcia, foi no dia 21 de novembro próximo  passado, suponho.

 Quero aproveitar a oportunidade para colocar, rapidamente, a questão da ocupação do Morro da Glória. Essa ocupação iniciou há tempos, mais precisamente quando eu ainda era Secretário do Meio Ambiente, no final da minha gestão. Nós, imediatamente, notificamos a empresa e entramos com um processo judicial, posto que é um terreno privado, um terreno de interesse ambiental, mas a desocupação cabe ao proprietário do terreno. Soubemos que a sentença foi favorável à Prefeitura, pois obriga o proprietário da área a desocupá-la. No entanto, o proprietário, segunda consta - e aí vou dar uma informação para a qual eu vou-me afiançar de informações mais seguras -, é uma construtora da Cidade e que tem feito todas as ações para criar um fato consumado, tanto que a  Secretaria do Meio Ambiente, no ano passado, apreendeu uma motoniveladora que estava abrindo uma rua. Ao invés de cumprir a ação judicial, o proprietário estava tentando consolidar a ocupação abrindo ruas internas. É importante que o Ver. Isaac Ainhorn tenha trazido esse assunto para a Câmara, e acho que devemos auxiliar a ação fiscal do Município e somar, enquanto Câmara, mais essa agressão ao meio ambiente e essa engabelação a pessoas que precisam de moradia. É necessário que a nossa ação de fiscalização seja executada, porque, com certeza, esse  proprietário está vendendo lotes para pessoas de boa-fé, achando que estão comprando um lugar definitivo para morar.

Eu quero fazer uma referência sobre a proposta hoje noticiada pelo Presidente Estadual do Partido dos Trabalhadores, companheiro Olívio Dutra, em relação à proposta que ele traz para o debate público, de lançamento do ex-Governador Leonel Brizola para o Senado, numa chapa que unifica forças populares para enfrentar a política neoconservadora no Estado. Quero registrar esse debate, e certa e necessária é a discussão de unificação do campo democrático popular para apresentar um projeto para o Estado que se contraponha, de forma contundente, ao atual rearranjo das forças conservadoras que juntam o latifúndio mais atrasado com os chamados grandes empresários modernos, que fizeram uma grande aliança em torno do atual grupo de poder no nosso Estado e que têm, realmente, sido muito bons, muito modernos para os grandes e absolutamente nefastos, duros, com os pequenos e médios trabalhadores do campo e da cidade,  pequenos e médios empresários.

Na verdade, acho muito oportuna e necessária a discussão em torno dessa questão para que, no Rio Grande do Sul,  consigamos, no próximo período, apresentar uma sólida alternativa de poder democrático e popular fundado nas melhores heranças e nas melhores propostas, para que possamos nos contrapor a essa miséria que tem imposto a política. Miséria, inclusive, que tem sido levantada aqui com exclusiva autoria dos municipários que recebem, sim, muito aquém do que deveriam e do que gostaríamos de pagar. No entanto, nobre Ver. João Dib, há de reconhecer que é uma política salarial muito melhor do que aquela que qualquer outro funcionário  público tenha em nível estadual e federal. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. João Dib está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu vivo alguns problemas com os meus filhos que são médicos. Eles me dizem que me devo poupar, que não devo buscar tanto a verdade, que eu devo ser mais tranqüilo. Mas sou absolutamente tranqüilo para esclarecer aos meus filhos que, enquanto eu puder buscar a verdade, enquanto eu tiver ânimo, entusiasmo, eu estou vivo, eu sou até jovem. É o que a minha mãe me ensinou: que os inteligentes acumulam juventude e os outros envelhecem.

Ver. Gerson Almeida, eu não sei se usei o termo "barbaridade", mas se o fiz foi para comparar a não-aplicação da lei flagrante, quando no passeio da Cidade foi construída uma obra com autorização da SMOV. Depois do prédio vistoriado, eu posso documentar, então, o tratamento dado a um fato público visível e a um outro, que não é visível a todos, porque foi uma modificação interna e tem um tratamento assim, até porque não saiu nos jornais, saiu apenas nos noticiários do Gabinete de Imprensa, na resenha. E depois vem me falar em excesso! Também existe o excesso de incompetência e a escassez de autoridade. Excesso de incompetência, porque não me basta trazer ao conhecimento da Casa que sete vezes foi interditada a obra. Por isso, os meus filhos não conseguem ter razão, e eu não consigo atendê-los. Eu tenho passado, eu leio, tenho história. O que eu vou fazer? Tenho que usar, porque, se eu deixar de usar, terei envelhecido, e não quero envelhecer tão fácil. A minha mãe tem 92 anos e, graças a Deus, raciocina muito bem! Mas competência existe.

Quando alguém quer embargar, entra na Justiça, e 24 horas depois está embargado. Eu fiz isso para um amigo meu, que iniciou uma obra com a qual eu não concordava, estava contrariando as leis, e 24 horas depois ele foi interditado pela Justiça. Enquanto eu fui Prefeito, ele não tirou e nem colocou um tijolo ali. Depois, não me interessa, aí eu não podia mais fazer valer a decisão judiciária. Então, diga ao Dr. Estilac Xavier que, quando fizer uma coisa dessas, entre na Justiça, se não for respeitado na primeira vez. Autoridade é uma coisa que tem que ser respeitada; e ele não o fez. Mas também  trouxe ao conhecimento da Casa e do eminente Líder do PT a ação por mim formulada na Justiça. Eu sempre disse que não sou o dono da verdade. Já que a Casa se coloca em uma posição, e eu em outra - alguns Vereadores me acompanham também, têm a mesma posição que eu, do canetaço -, o Ver. Gerson Almeida veio aqui, triunfantemente, me dizer que a liminar não me fôra concedida. Mas sou um homem de bom senso e cumprimento o Juiz por  não  ter concedido a liminar, porque, na verdade, ele não apenas escreveu que não concede a liminar, ele diz claramente: "Os argumentos contidos na inicial são sedutores, na medida em que a Casa Legislativa estaria  em recesso parlamentar” - são sedutores os argumentos, e eu lhe dei cópia da ação - “todavia, a convocação  dos Suplentes teria se dado em Sessão Ordinária, mas antes do licenciamento dos titulares. A dúvida está bem suscitada, mas creio que não seria o caso de conceder liminar, porque o risco decorrente da medida seria tão-somente o pagamento indevido de remuneração dos edis e de seus gabinetes. De outra parte, a concessão de liminar do pedido poderia significar indevida interferência na decisão do Legislativo Municipal. A prudência” - o bom senso, ele não escreveu bom senso, mas é um homem de bom senso - “recomenda que a decisão de mérito se dê no final, após travado o debate jurídico acerca do tema”.

Realmente, não concedeu a liminar, mas nada que deva sustar quem postula a busca da verdade na Justiça, porque a Justiça está acima do Legislativo e do Executivo, para julgar as diferenças, e eu tenho a convicção de que será julgada favoravelmente àqueles que buscam a verdade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra. Ausente. Ver. Clovis Ilgenfritz. Ausente. O Ver. Gerson Almeida está com a palavra, em tempo de Liderança.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero apenas replicar as considerações que o Ver. João Dib fez sobre os dois temas que abordei inicialmente. O Ver. João Dib, como pessoa séria, passou a concordar com a fiscalização da SMOV, já que não contesta mais o embargo, mas contesta que demorou muito para desembargar. Segundo suas palavras, o Secretário Stilac Xavier deveria ter sido mais enérgico, deveria ter embargado antes a obra.

Por último, quero dizer que a minha intervenção, à época em que esta Câmara debateu o tema, foi usada fora de contexto. Portanto, os argumentos são sedutores. No entanto, no que toca à fala deste Vereador, foi usada fora de contexto, foi usada uma frase onde diz que o tema almeja a possibilidade de debate, o que não significa querer descontextualizar a minha fala. Eu também, na condição de Líder do PT, endossaria as críticas ou a tese levantada pelo Vereador: de que a questão objeto do debate ensejaria dúvida. Eu nunca tive dúvida com relação a isso, assim como a grande maioria dos Vereadores. Se, por ventura, outras vezes, o que eu falei for usado, por favor, coloquem no contexto, como pede o bom procedimento, que é muito bem-usado pelo ver. João Dib, pessoa por quem,  apesar de nossas divergências político-ideológicas, tenho o maior respeito pela sua conduta.

Uma das principais figuras públicas, hoje, na República, Sérgio Motta, escalado para ser o ponta-de-lança do Governo, admite aquilo que a Oposição tem dito ao longo de todo o processo de debate sobre as privatizações, especialmente das telecomunicações. Vejam o que diz ao responder a um ataque público que um funcionário do Estado Americano fez ao Brasil, definindo como deve ser o processo de subordinação do Brasil às exigências do Estados Unidos. Eles deixaram de falar isso reservadamente, agora falando publicamente, porque já estamos subordinados mesmo, não precisando ter aqueles cuidados que, normalmente, as relações diplomáticas exigem. Ele diz o seguinte: "Motta acusou os Estados Unidos de manterem uma política liberal para fora e protecionista para dentro", exatamente o que o Partido dos Trabalhadores e a Oposição deste País têm dito, sistematicamente: que o Brasil se colocou de joelhos a exigências que os próprios exigentes não cumprem. E ele vai mais longe - e é o Ministro Sérgio Motta que está falando, não é um líder da esquerda brasileira! -, disse ainda: "Os Estados Unidos têm restrições à operação de satélites de baixa e média órbita",  que são os satélites que garantem as comunicações domésticas, e o Brasil, para se colocar em nível de primeiro mundo, diz que tem de abrir, radicalmente, as suas telecomunicações. Ou seja, o Ministro Sérgio Motta ou é um hipócrita, ou mudou de posição sobre o que tem dito ao longo dos últimos anos. Ele afirmou ainda que o Brasil se destaca no setor, já que a Deutsch Telecom da Alemanha ainda não foi privatizada, abriu apenas 35% do seu capital. Da mesma forma a France Telecom pediu prazo adicional para o processo de estatização. As críticas também foram quanto ao processo inglês, citado há anos, que saiu do monopólio estatal e ainda não formou um mercado totalmente competitivo, porque a empresa British Telecom ainda detém 80% do mercado. Ou seja, o Ministro Sérgio Motta nega tudo aquilo que o Governo Fernando Henrique tem dito sobre o primeiro mundo em telecomunicações e reafirma aquilo que nós temos dito na tribuna, quando a esquerda e o Partido dos Trabalhadores têm tido oportunidade de usá-la. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Tive a oportunidade de ouvir parte do pronunciamento do Ver. Gerson Almeida, pois não me encontrava na Casa. Estava participando de uma reunião convocada pelo Secretário de Obras e Viação, em exercício, juntamente com o companheiro Ver. Hélio Corbellini e mais a Direção da ULBRA, para tentarmos viabilizar a ação de embargo e resolver o pronto funcionamento dessa obra. Deu a coincidência, Ver. Gerson Almeida, que, na hora em que V.Exa. estava falando, um dos diretores da ULBRA estava presente na plenária e ficou bastante surpreso, porque da ULBRA ninguém recebeu tal intimação; pediu-me uma cópia dessa intimação para ver quem a assinou, pois as obras feitas, na época, foram a construção do telhado e a fiação. Então, hoje, na reunião com o Secretário Municipal de Obras e Viação, foi sugerido que talvez o assunto não fosse mais da competência da SMOV e que o problema talvez fosse da Secretaria do Planejamento, porque, possivelmente, carecesse de um parecer relativo ao EVU - Estudo de Viabilidade Urbanística -, o qual a ULBRA insiste e convida os Srs. Vereadores - vamos enfatizar o convite feito - os Vereadores a que visitem o prédio do antigo edifício da Mesbla, hoje de propriedade da ULBRA, para constatarem que não houve realmente nenhuma alteração no prédio. Essa é uma coisa que a ULBRA faz questão de colocar. Inclusive, o próprio Diretor do Plano de Saúde, Dr. Roque Cavalcanti, autorizou a citação de seu nome por estar acompanhando de perto a questão.

Outro detalhe importante: a ULBRA está  preocupada com a questão do compromisso social, e os próprios companheiros do PT sabem, hoje, o que a ULBRA está fazendo na Restinga. Ela assumiu para si algo que seria da competência do Município de Porto Alegre.

Outra informação importante: no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, uma das maiores incidências de baixas é o traumatismo; o HPS possui 20 leitos. Então, o que a ULBRA fez? Ela colocou, em convênio com o SUS, à disposição 25 leitos no Hospital Independência e mais cinco leitos de UTI, ampliando o sistema do Hospital de Pronto Socorro.

 

O Sr. Gerson Almeida: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu, em nenhum momento, fiz muita questão de envolver o mérito da obra, nem tampouco da Instituição envolvida; no entanto,  o que contestei, e  o fiz em cima de dados fornecidos pela Secretaria, é que o embargo da obra tenha sido um ato de autopromoção da Secretaria Municipal. Foi isso o que eu contestei, na medida em que houve todo um procedimento anterior. Eu quero lhe parabenizar por sua diligência de, já hoje de manhã, estar envolvido junto ao Município na busca de uma solução para o caso.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Gostaria, inclusive, de parabenizar a própria iniciativa da Prefeitura que tomou para si a questão. Eu acho que se deva, pelo menos, tentar agilizar a questão.  

E quanto à minha fala de ontem, do sensacionalismo, hoje o próprio Secretário disse que ele não sabe de onde veio a fonte para a matéria, porque, coincidência ou não, no dia em que iria ser embargada a obra, os jornais veicularam. Em algum lugar, houve essa informação.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu estou seriamente preocupado. Foi dito que, no dia 21 de outubro, foi pedido licenciamento para as reformas necessárias do prédio. Eu passo na rua e não vejo nenhuma alteração nas suas fachadas. Externamente, não há alteração. Agora, pedir para mudar a fiação, é um dever da SMOV exigir a mudança da fiação, quando necessário, porque ela pede laudos de vistoria. E a SMOV já fez uma campanha dizendo: "Esquecer a rede elétrica é fogo”. E para mudar o telhado, aquele tipo de licença tem que ser fornecido em uma hora e não meses, como a SMOV faz, para que os projetos sejam licenciados.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Eu gostaria de mudar este assunto. Tenho certeza de que a questão da ULBRA vai ser resolvida o mais breve possível, até porque, na Casa,  está havendo novamente uma reunião com o Diretor da ULBRA e o nobre Ver. Hélio Corbellini e, após, por volta de 11h30min, haverá uma reunião com o Secretário de Governo, o Vice-Prefeito José Fortunati.

Retomo um assunto que, ontem, foi levantado: a questão dos alagamentos em Porto Alegre.  Entre todos os problemas enfrentados pelo cidadão, quando em convívio social, está o acúmulo de lixo e de água. Os detritos que o ser humano ou os fenômenos da natureza se encarregam de produzir devem ser melhor administrados pelo órgão competente. Em função disso, os alagamentos são constantes em dias de chuvas. Alguns pontos são os mais críticos, justamente, por se encontrarem à mercê do tempo, além de não suportarem a demanda d'água, por se situarem em pontos baixos da cidade. O DEP - Departamento de Esgoto Pluvial - é, sem dúvida, o principal responsável pela inércia, no que tange a sua atitude, no mínimo, paliativa, para que os prejuízos causados por tal evento sejam apenas passado e não uma constante na vida da população em geral. Bueiros, bocas-de-lobo, tampas, lixo não-recolhido, terreno descampado, entre outros aspectos, contribuem para o entupimento da rede pluvial, compõem o rol de atribuições atinentes à atuação do DEP, embora não atenda, na sua totalidade, os anseios sociais à altura da Capital. Não há sequer um mapeamento confiável no setor para que se possa rastrear estrategicamente os pontos nevrálgicos a serem atacados com limpezas mais constantes, obras para escoar a água, bem como possíveis substâncias que se encontram diluídas, maior atenção aos deslizamentos de terras. Existem quatro postos de atendimento na Cidade aos quais é atribuída a função precípua de zelar pela rede pluvial da nossa Cidade. Não obstante a conscientização da população no sentido de colaborar com o não-acúmulo de água e de lixo nas sarjetas e calçadas, além de fiscalizar o funcionamento do órgão, é de suma importância que nós, da comunidade, não amarguemos todo esse quadro aqui pormenorizado. Sugerimos que haja uma campanha de conscientização junto à população com algumas secretarias envolvidas, como o DMLU, SMAM e outros órgãos da Prefeitura. Ontem ouvimos o depoimento de que muitas coisas foram feitas pelo DEP, mas achamos que ainda não é o suficiente, e essa preocupação temos que ter no dia-a-dia, porque os alagamentos continuarão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Verª. Anamaria Negroni está com a palavra. Ausente. O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero somar-me ao Líder Gerson Almeida na sua posição de apoio à proposta feita ontem pelo Presidente Estadual do PT, companheiro Olívio Dutra, de lançar o nome do ex-Governador do Estado do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, para disputar, numa aliança com o PT, a cadeira de Senador da República. É de fundamental importância que as forças democráticas populares do nosso Estado se juntem num movimento que, na minha opinião, deve ser de centro-esquerda, para enfrentar a política implementada no nosso Estado pelo Governo Britto e seus aliados. Que nós possamos fazer uma aliança aqui no Estado. Iremos contar também com o interior do Estado, inclusive com apoio, como contamos em 94, de setores do PTB, porque no nosso Estado muitas lideranças do interior, ligadas aos pequenos agricultores penalizados pela política do atual Governo do Estado e do Governo Federal, vão estar e já estão em oposição a Antônio Britto. E vão estar conosco, porque temos um projeto de desenvolvimento para o nosso Estado que privilegia, porque entendemos que a produção de alimentos é fundamental, o pequeno e  o médio produtor de alimentos, fundamentalmente, a economia familiar.  Vamos buscar parceiros em todos os partidos políticos, mesmo com diferenças ideológicas. Vamos trazer para esse campo que queremos compor para 98 os setores que irão apoiar uma política de desenvolvimento e inclusão social e de apoio à produção de alimentos; que se passe a apoiar os setores da produção de arroz e trigo que, necessariamente, são os minifundiários, mas que também são setores médios e, em alguns casos, grandes, que não têm apoio dos Governos Federal e Estadual e estão levando esses setores ao desespero. Quero, nobre Ver. Paulo Brum, que V. Exa. seja a pessoa que leve ao seu partido, às lideranças, em particular ao Deputado Sérgio Zambiasi, a nossa preocupação quanto à possibilidade de o PTB estar no Governo do Estado, em algumas secretarias. Acho que é um erro. Desculpem-me por querer-me imiscuir na política interna do PTB, mas como homens públicos devemos discutir essas questões. Acho que é um erro político participar desse Governo, porque ele não  tem tratado das questões sociais que têm sido a sua e a  preocupação de vários integrantes do PTB. Queremos apelar para que o seu Partido mantenha a independência que tem mantido até hoje, com relação ao nosso Governo em Porto Alegre e ao Governo do Estado, inclusive para que a gente possa pensar - por que não? - em alguma discussão de um projeto comum para 98. Eu gostaria que V.Exa. colocasse isso ao seu Partido. É uma preocupação minha, enquanto Vereador, e tenho a certeza de que ela também tem respaldo nos setores importantes do PT. O Ver. João Antônio Dib nos chamou a atenção sobre os baixos salários do funcionalismo público municipal. Os salários no nosso País, hoje, todos são baixos, sejam do poder público ou da iniciativa privada. Preocupamo-nos com isso, mas mesmo com as dificuldades por que passam os nossos municipários, dificuldades maiores têm o funcionalismo federal. V. Exa. sabe que há dois anos não há absolutamente qualquer recomposição salarial. Mesmo o pouco que temos dado, em pequeníssimas parcelas, são sempre bem-vindas, sempre ajudam a recompor um pouco o poder aquisitivo, o que não tem ocorrido em nível federal. Mas, ao tratarmos do funcionalismo municipal, também não nos preocupamos apenas com a questão salarial dos nossos funcionários, mas  com a sua formação e reciclagem, as quais devem ter os funcionários em um governo responsável como é o nosso. Queremos tratar o funcionário com um projeto ousado de recursos humanos, porque acreditamos que ele deva ser tratado por nós, cidadãos, contribuintes, como o servidor público. Hoje, infelizmente, quando nos encontramos no outro lado do balcão, nem sempre, em nenhuma esfera, podemos tratar o funcionário como servidor público. Essa será uma preocupação deste Vereador que, sistematicamente, irá cobrar da Prefeitura Municipal e do Secretário Municipal de Administração, César Alvarez, uma política ousada de recursos humanos. Também registro que estou pedindo uma audiência com o Secretário Municipal de Educação, para discutirmos a questão de uma escola técnica agrícola no nosso Município. Não há escola técnica em Porto Alegre; há uma em Viamão. Estive em Viamão recentemente, não é mais a famosa ETA. Temos, em Porto Alegre, várias famílias que têm seus filhos estudando na ETA ou na Escola Técnica de Nova Petrópolis. Inclusive, fui procurado por várias dessas famílias para tentar um convênio com a Prefeitura de Porto Alegre. Segundo resposta obtida, infelizmente, não foi possível fazê-lo neste ano. Mas voltarei a insistir e estou pedindo uma audiência para discutir esta e outras questões - fundamentalmente esta - porque temos, em Porto Alegre, muitos agricultores, filhos de agricultores que poderiam estar estudando numa escola técnica e desenvolverem plenamente um projeto de hortifrutigranjeiros num patamar que Porto Alegre necessita. Vou-me empenhar nessa questão e pedir o apoio dos nobres colegas Vereadores.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, cumprimento V.Exa. pela sua idéia, que não só Porto Alegre, mas o Brasil inteiro precisa, e aqui podemos começar com um centro agrícola demonstrativo, ter uma escola, poder ampliá-la muito mais. É brilhante e oportuna a sua idéia.

 

O SR. ADELI SELL: Acato a sua sugestão, inclusive de discutir essa questão incluindo a Secretaria de Indústria e Comércio.

Quero dizer que continuo empenhado na preocupação com o turismo em nossa Cidade. Quero congratular-me com a iniciativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de fazer um trabalho nos últimos dias para trazer turistas para Porto Alegre, dando descontos para quem viesse à Festa de Navegantes em nossa Cidade. Também com a iniciativa de vários segmentos, incluindo a Federasul, para que haja o chamado "Liquida Porto Alegre". São iniciativas importantes, a partir da iniciativa privada que, sem dúvida nenhuma, garantiu o Diretor-Presidente da EPATUR, contam com o apoio do nosso Município, do nosso Governo. Vamos estar cada dia mais empenhados na busca de  fazer de Porto Alegre não apenas a quinta cidade brasileira que atrai pessoas, mas que, ao tratarem de negócios, em Porto Alegre, acabem sendo turistas, ficando mais tempo. Recebi um fax da Associação Brasileira de Hotéis do RS para uma audiência que teremos, em março, e trataremos dessa questão do turismo de um modo geral.

Finalmente, quero lançar aqui uma preocupação com a produção da uva no Estado do Rio Grande do Sul. Li uma matéria hoje onde o Secretário Estadual da Agricultura, César Schirmer, coloca a sua preocupação com o baixo preço pago pelas  indústrias - 0,15 centavos o quilo, quando os nossos agricultores estão pedindo 0,30. O Secretário fala em 0,18. É insuficiente. É importante para o Estado e tem reflexos diretos sobre a economia da nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra. Ausente. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É natural que neste período de recesso parlamentar, em que a Cidade tem, às quartas e quintas-feiras, a oportunidade de ver seus problemas examinados, viessem ao debate alguns fatos que, lamentavelmente, são repetitivos: ocorrem ano após ano, sempre na mesma versão e com as mesmas explicações.

Confesso, com toda a honestidade, que, durante o período em que, voluntariamente, estive afastado da vida política da Cidade, entre 1986 e 1992, tinha a nítida impressão de que esses problemas de alagamentos estavam sofrendo um processo de equacionamento gradativo e que se encaminhavam para uma solução. Tive, ano após ano, a informação de que a Administração do Município, num gesto de grande coragem, havia investido fortes recursos no saneamento básico da Cidade, na busca da solução desse que, há longo tempo, tem sido a mazela da Cidade, especialmente nos  dias de verão, quando, vez por outra, a inclemência do tempo se dá de forma acentuada durante algumas horas.

Lamento que a minha impressão se tenha desfeito por inteiro na breve observação do cotidiano. Mesmo com os recursos que os órgãos que cuidam do saneamento básico passaram a ter neste período, com a possibilidade do lançamento de uma taxa de serviços de esgoto, independente de os porto-alegrenses terem ou não o serviço de esgoto sanitário, já que existe lei autorizando o mesmo aumento considerável de recursos - aumento esse que o ex-Diretor-Geral do DMAE tentou fazer, Sr. Wilson Ghignatti, Ver. João Dib, e com o que V.Exa. não concordou, porque achava que seria exigir demais do contribuinte, porque o Município deveria buscar recursos por outros meios -, gostaria de salientar que, além dos problemas crônicos de algumas áreas da Cidade há mais de uma década, que não foram solucionados, mas até agravados, outros começam a surgir em áreas que nunca haviam tido alagamentos.

Vejam que este janeiro de 97 se caracterizou por estiagem. Raros dias de chuva ocorreram na Cidade. E chuvas que não forma excepcionais, pois já houve precipitação pluviométrica muito superior ao que vem ocorrendo. Mesmo assim, mostrou a realidade concreta da falta de providências da Administração Municipal com relação a este assunto. Fiquei satisfeito que o Ver. Carlos Garcia tenha trazido hoje este trabalho e com profundidade examina esta questão. Sabemos que, às vezes, o alagamento não se dá por deficiência do sistema, mas por má operação. Providências elementares, como limpeza de bocas-de-lobo, com a retirada do lixo que ali se acumula, especialmente quando a estiagem se dá de uma forma prolongada. Ficou comprovado, nesses últimos dias, que a maioria dos casos era a ausência de providências elementares mínimas: preparação, desobstrução das redes para que recebessem a água fluvial, a água das chuvas e, com isso, pudessem, evidentemente, cumprir com a sua finalidade. Sem falar em alguns lugares de Porto Alegre onde o que era agudo passou a ser crônico, ou seja, já não há mais esperança de que alguns alagamentos, diante de uma chuva razoável, não ocorram, especialmente no encaminhamento da Zona Sul da Cidade e sem falar que verificamos que Porto Alegre, nesse aspecto do saneamento, apesar da decantada intervenção do Município durante anos, considerando tempo como prioridade, longe de melhorar nesses anos da Administração Popular, agravou-se, aprofundou-se e, arrisco-me a afirmar, sem nenhum temor de exagero, piorou a situação do saneamento básico na Cidade de Porto Alegre. Vejam os senhores que paradoxo: quando todos estão a reclamar o excesso de água em algumas áreas de Porto Alegre, ouço, hoje, perplexo, que um bairro inteiro do Jardim Itati se encontra com falta de água potável desde segunda-feira, numa circunstância paradoxal que me assusta sobremaneira, uma demonstração clara de que o descuido com os serviços elementares da municipalidade se dá nos mais diversos segmentos e setores: de um lado o reclame do excesso de água; de outro o reclame da falta de água.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A drenagem da Cidade deveria começar com uma dragagem do arroio Dilúvio, porque muitos alagamentos seriam resolvidos no entorno. O outro problema de falta de água é que, em 28 de fevereiro do ano passado, o DMAE agradecia pelos trabalhos extraordinários de três condutores de obras e conhecedores profundos da rede que resolviam os problemas em menos de 24 h, com um simples memorando: "A partir de amanhã, dia 29, estão dispensados”. A experiência nunca pode ser dispensada.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Lamento, Ver. João Dib, que eu tenha conhecimento desse fato através do aparte de V.Exa. Tenho,  até por intuição, colocado que, quando a gente observa que a má qualidade dos serviços públicos se dá pela ausência de providências elementares, algum ruído deve estar ocorrendo na Administração. Eu desconhecia - não tenho com o Departamento Municipal de Água e Esgotos a ligação histórica que tem o Ver. João Dib, que foi mais de uma vez seu Diretor - que se tivesse abrindo mão desses técnicos qualificados que dispõem de uma verdadeira memória sobre a rede de água de Porto Alegre. O que eu gostaria, com o espírito público, de levar à Administração Municipal, é que ao menos, Ver. Guilherme Barbosa, V. Exa., que é um homem de camiseta do DMAE, desta nova era que surgiu no DMAE e que de forma tão intensa tem proclamado excelência do seu serviço, tivesse uma preocupação com relação a essas situações mínimas, que podem parecer pequenas dentro das estatísticas dos números apresentados, como se decanta o número de residências assistidas em Porto Alegre, e recebendo com regularidade esse serviço de água potável que no nosso Município não é uma tarefa difícil. Sabemos que Porto Alegre é rodeada de água. Tem, inclusive, em seus morros, verdadeiras vertentes, que até criam transtornos na área de esgoto fluvial. Mas nesta Cidade não se justifica que um bairro inteiro, que toda a Av. Benno Mentz possa estar quatro dias clamando por providências no sentido do restabelecimento do fornecimento de água potável e apenas, como bem declararam as lideranças comunitárias do bairro, sendo bem recebida no Departamento Municipal de Água e Esgotos, onde não lhes faltam explicações e palavras de solidariedade, mas sem que haja a medida positiva, a medida conclusiva e adequada: o restabelecimento do serviço. É só, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Verª. Anamaria Negroni está com a palavra.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Sr. Secretário e Srs. Vereadores. Após ouvir as palavras do nobre Ver. Reginaldo Pujol, sentimo-nos até diminuídos, porque é uma pessoa que prezamos muito e procuraremos nos espelhar no seu exemplo, quando na tribuna. Realmente, Vereador, V.Exa. causa-nos inveja na tribuna - como também o Ver. João Dib e outros nobres colegas. Ouvi-lo nos fascina, Vereador.

Primeiramente, apresentamos, embora não se encontrem presentes os Vereadores Juarez Pinheiro e Maria do Rosário, escusas  pelos lapsos cometidos por nós, ontem, relativos à forma de tratamento. Temos conhecimento do usa da forma "V.Exa." quando do tratamento com os nossos pares, porém, como novata aqui na Casa, no afã de não esquecer detalhes e acertar o discurso, por vezes, erroneamente, empregamos a palavra "vocês ou você". Queremos que fiquem registradas, novamente, nossas escusas e desde já solicitamos aos Srs. Vereadores que nos perdoem em relação a isso e agradecemos a consideração.

Por outro lado, gostaríamos de esclarecer quanto ao equívoco que houve, ontem, pela manhã, quando nos pronunciamos com relação ao termo "quem usa cuida". Cabe-nos esclarecer que foi utilizado pelo PT como paradigma, ou seja, nesta Casa e também na mídia. A manifestação de seus militantes tem sido sempre no sentido de criticar o governo federal e estadual, exatamente em situações em que o PT não é aluno, mas professor. Outrossim, salientamos que o termo equivale a dizer "faça o que eu digo e não o que eu faço"; ou ainda "não se pode jogar pedra no telhado dos demais quando o nosso telhado é de vidro". Entretanto, a ilustre Verª Maria do Rosário acompanhada pelo ilustre Ver. Juarez Pinheiro fizeram intervenções e manifestações neste Plenário no sentido de tentarem denegrir a imagem desta Vereadora, como mulher e como pessoa pública. Confesso que, no momento do aparte da Verª. Maria do Rosário, não compreendi o excesso da sua indignação com relação ao uso do termo empregado. Acreditei, inclusive, que era simplesmente uma manifestação radical de uma Vereadora de extrema esquerda, e ainda me perguntei: quem sabe é um ataque exclusivamente pessoal e nada político? No final da Sessão, um colega Vereador me esclareceu que provavelmente os Vereadores nominados houvessem interpretado tal frase como uma expressão chula ou vulgar. Ora, ilustres Vereadores, V. Exas. se enganam se pensam que com tais artimanhas, que diríamos de baixíssimo nível, vão deturpar as minhas palavras e denegrir a minha imagem e o nome de respeito construído dia a dia ao longo dos meus 42 anos. Não lhes permitirei isso. Deixo aqui o meu protesto com relação a esse tipo de manifestação e interpelação. Quem me conhece sabe a pessoa que sou e sabe que não costumo usar palavrões, termos chulos, seja o que for. Até mesmo em minha casa não temos este tipo de hábito, tanto é que aqui está como prova o Prof. Garcia, que foi orientador por muitos anos no colégio em que o meu filho freqüentava e onde recebeu medalha por perseverança, estudando ali por mais de doze anos. Ele conhece o meu filho e pode avaliar, com relação a isso, que é um rapaz educado, que não se utiliza de palavrões ou desses termos. Nós não costumamos usar essas expressões. Fomos mal-entendidos nesta Casa. Quem sabe essas pessoas que pensaram dessa forma é porque têm o hábito de se utilizarem de tais termos e de tais palavras. Então, volto a dizer aqui que, infelizmente, quem usa cuida. Ou seja, para não sermos mais mal-entendidos, para não haver mais mal-entendidos nesta Casa, quem se utiliza, irresponsavelmente, de termos ou de expressões ou, como aqui foi colocado, em relação à máquina pública, que era a razão de nosso discurso, calunia e difama com facilidade. Ora, Sr. Presidente, Sr. Secretário, no meu "début", nesta tribuna, eu me coloquei à disposição dos senhores, bem como o meu gabinete, no sentido de colocar meus colaboradores à disposição de V.Exas. e continuamos pensando dessa forma. Espero ter e manter com os meus colegas desta Casa um bom relacionamento, um ótimo relacionamento, não enxergando cores partidárias ou formas de pensar. Não pretendemos fazer discriminações de qualquer maneira, mas o que não podemos aceitar é a tentativa de denegrir imagens. Sempre nos rebelaremos com relação a isso.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Vereadora, quero cumprimentá-la pelo seu pronunciamento e dizer que a busca de um entendimento pessoal, de um entendimento político, de um entendimento para o bem-comum deve ser permanente na Casa. Por isso, eu a cumprimento pelo seu pronunciamento.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Somos grata ao Ver. João Dib que muito respeitamos. Solicito, Sr. Presidente, o uso da palavra no período de Liderança.

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra é assegurada a V. Exa. no período de Liderança.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Nas Sessões aqui havidas, temo-nos deparado com o Partido dos Trabalhadores identificado com Maria Antonieta. Embora tenham sempre criticado o neoliberalismo, a globalização, eles se identificam muito com Maria Antonieta, que foi uma aristocrata francesa. Negam-se a enxergar os problemas de Porto Alegre e só falta dizerem: "Se não se pode andar de veículo, que se ande de barco”. Sugerimos à Secretaria Municipal de Transportes que abra concessão para transporte por barco, caíque, ou até mesmo por gôndola, já que Porto Alegre se transforma na "Veneza dos Pampas" nos dias de  chuva.

Queremos registrar, ainda, nobres Vereadores e demais pessoas que nos assistem, que estaremos acompanhando, já que recebemos convite do gabinete do Governador do Estado, o Exmo. Sr. Presidente da República durante a sua visita, por três horas, a Porto Alegre. Não temos notícia de que outro Vereador vá acompanhar o ilustre Presidente nessa visita, e sentimo-nos honrados com esse convite, representando a Câmara Municipal. A visita iniciará às 16h, quando iremos recepcioná-lo no Aeroporto Salgado Filho. Depois ele irá ao Centro de Convenções do Hotel Plaza São Rafael, inaugurando o Encontro Mundial de Entidades Jornalísticas. E, às 19h, ele retornará para Brasília. Era o que tínhamos a colocar no dia de hoje. Agradecemos por termo sido ouvidos em nossos protestos. Muito grata.

 

(Não revisto pela oradora. )

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Questão de Ordem): Gostaria de parabenizar a Verª Anamaria Negroni pelo convite que recebeu para acompanhar a visita do Presidente da República, mas gostaríamos de registrar que ela não vai representar a Câmara.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Peço que seja atribuída à Verª. Anamaria Negroni a delegação de representar a Casa neste evento. Considero importante que a Casa se represente.

 

O SR. PRESIDENTE: Para esclarecer a V.Exa., parece que o Presidente foi convidado, mas será agregado, com certeza, o convite à Verª. Anamaria Negroni.

O Ver. João Batista Aguiar está com a palavra. Desiste.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h23min.)

 

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